quarta-feira, 14 de junho de 2017

Da sala de aula à prática

UM OLHAR ANALÍTICO E CUIDADOSO 
O aprendizado é mais eficiente quando obtido através da experiência, pois a prática é uma maneira de assimilar o conteúdo de modo reflexivo e conhecer a comunidade no local. Além disso, a educação, como método transformador, prepara o aluno à sua futura profissão, sendo esta mesclada com o que foi absorvido em teoria e vivenciado a partir da realidade (SCALABRIN e MOLINARI, 2013).
A metodologia utilizada foi a da problematização de Charles Maguerez, que se dá em cinco etapas (Figura 1). Esta estimula o pensamento crítico acadêmico, a tomada de decisões e as propostas de soluções com o intuito de melhorias no ambiente em que está inserido (PRADO et al, 2012) .

Figura 1: Arco de Maguerez.
Fonte

1. OBSERVAÇÃO DA REALIDADE
     Em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade de Belém-PA, nas aulas práticas do componente curricular "Enfermagem em Urgência e Emergência", a equipe de acadêmicas e a docente orientadora, seguindo o método de Maguerez, observaram que no local havia, periodicamente, a realização de educação continuada dos profissionais. Além disso, observou-se a aplicabilidade das Metas Internacionais de Segurança do Paciente dentre as áreas de assistência existentes na unidade, sendo que a aplicabilidade da meta 1 não estava de acordo com o protocolo da identificação do paciente (BRASIL, 2013).


Figura 2: Discentes em prática.


2. PONTOS CHAVES
     No segundo momento foram levantados os pontos chaves mediante a realidade local, sendo estes: a ausência de cartaz e materiais relacionados à segurança do paciente (Figura 3), não utilização da pulseira de identificação, além da presença de leitos ocupados não identificados ou divergentes do protocolo (Figuras 4 e 5).

Figura 3: Mural do Posto de enfermagem da instituição.Fonte: Protocolo de pesquisa.

Figura 4: Leito em uso e identificação divergente do protocolo.
Fonte: Protocolo de pesquisa.



Figura 5: Leito em uso, sem identificação.
Fonte: Protocolo de pesquisa.


3. TEORIZAÇÃO

“O cuidado à saúde, que antes era simples, menos efetivo e relativamente seguro, passou a ser mais complexo, mais efetivo, porém potencialmente perigoso (CHANTLER, 1999 apud BRASIL, 2014).”

MODELO DE REASON - QUEIJO SUÍÇO

"As medidas de segurança baseiam-se no fato de que não podemos mudar a natureza humana, mas sim as condições sob as quais os seres humanos trabalham. A ideia central é a dos sistemas de defesa, ou seja, toda tecnologia perigosa possui barreiras e salvaguardas. Quando um evento adverso ocorre o importante não é quem cometeu o erro, mas sim como e porque as defesas falharam (REASON, 2000 apud CORREA; JUNIOR, 2007)."

Figura 6: Modelo de Reason.
Fonte



PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

Finalidade
     Assegurar a correta identificação do paciente para reduzir ocorrências de incidentes do mesmo, desde a admissão até a alta do serviço, isto é, garantir que o cuidado seja prestado à pessoa ao qual se destina. Com base nisto, a utilização da pulseira de identificação é um processo que demonstrou altos níveis de consciência profissional da equipe, principalmente, em casos de emergência, além disso, estudos indicaram que os pacientes apresentaram aceitação ao método, uma vez que os mesmos consideravam importante a necessidade de algum método de identificação (BRASIL, 2013).

Identificação do paciente
Abrangência
  • Todos os ambientes em que há prestação do cuidado de saúde, por exemplo, unidades de internação, ambulatórios, salas de emergências, dentre outros.
Pulseira de identificação
  • Identificar o paciente na admissão, sempre que a identificação for retirada ou apresentar danos, e em casos de transferências. 
  • Cor branca padronizada, tamanho adequado ao perfil do paciente, confortável (forma, bordas, fixadores e material), impermeável e de fácil uso;
  • Uso de pelo menos dois identificadores;
  • Colocar a pulseira de identificação em membro superior nos adultos e membro inferior em recém nascidos, sendo observados os caso especiais.

Figura 7: Pulseira de identificação do paciente.
Fonte

Identificadores
  • Nome completo do paciente;
  • Data de nascimento;
  • Nome completo da mãe do paciente;
  • Número do prontuário do paciente.
Situações especiais de identificação do paciente
  • Edemas;
  • Amputações;
  • Presença de dispositivos vasculares;
  • Pacientes com grandes queimados, mutilados ou politraumatizados.
Confirmar a identificação do paciente sempre antes dos seguintes procedimentos
  • Administração de medicamentos;
  • Administração do sangue;
  • Administração de hemoderivados;
  • A coleta de material para exame;
  • A entrega da dieta;
  • A realização de procedimentos invasivos.

Figura 8: Passo a passo da identificação segura.
Fonte


4. HIPÓTESES DE SOLUÇÃO

"Pela reflexão e crítica num trabalho interdisciplinar, é possível construir uma nova consciência da realidade do pensar com a troca, a reciprocidade e a integração entre diferentes áreas, objetivando a resolução de problemas de forma global e abrangente (SILVA; SEIFFERT, 2009)."

Mediante a observação e teorização, as hipóteses de solução levantadas pela equipe foi a realização de uma ação educativa relacionada as Metas Internacionais de Segurança do Paciente, roda de conversa e doação de materiais com conteúdos da segurança do paciente elaborados pelo Ministério da Saúde, sendo estes dois cubos e trinta crachás.

Figura 9: Materiais de Segurança do Paciente elaborados pelo Ministério da Saúde.
Fonte





REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Anvisa. Fiocruz. Anexo 02: Protocolo de Identificação do Paciente. 2013. Disponível em: <http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/identificacao-do-paciente>.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília : Ministério da Saúde, 2014. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_referencia_programa_nacional_seguranca.pdf>.

CORREA, C.R.P.; JUNIOR, M.M.C. Análise e classificação dos fatores humanos nos acidentes industriais. Revista Produção. v. 17, n.1, Jan./Abr. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132007000100013>.

SILVA, G.M.; SEIFFERT, O.M.L.B. Educação continuada em enfermagem: uma proposta metodológica. Rev. Bras. Enferm. v. 62, n. 3. Brasília. Mai./Jun. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n3/05.pdf>.

PRADO, ML; VELHO, M.B.; ESPÍNDOLA, D.S.; SOBRINHO, S.H.; BACKES, V.M.S. Arco de Charles Maguerez: refletindo estratégias de metodologia ativa na formação de profissionais de saúde. Escola Anna Nery. v. 16, n. 1. Rio de Janeiro. Mar. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452012000100023>.

SCALABRIN, I.C.; MOLINARI, A.M.C. A importância da prática do estágio supervisionado nas licenciaturas. Revista Unar. v. 17, n.1. 2013. Disponível em: <http://revistaunar.com.br/cientifica/documentos/vol7_n1_2013/3_a_importancia_da_pratica_estagio.pdf>.

Nenhum comentário:

Postar um comentário